Os transtornos de humor são distúrbios emocionais que consistem em períodos prolongados de tristeza e/ou felicidade excessiva. Os transtornos de humor são categorizados como:
· Bipolar
Ansiedade e transtornos relacionados também afetam o humor.
Tristeza e alegria (elação = arrogância) são parte da vida cotidiana. A tristeza é uma resposta universal aos desapontamentos, derrotas e a outras situações adversas. A alegria é uma resposta universal ao sucesso, à realização e a outras situações encorajadoras. O desolamento, uma forma de tristeza, é considerado reação normal à perda. O luto refere-se especificamente à resposta emocional à morte de uma pessoa amada.
Transtorno do humor é diagnosticado quando a tristeza ou a elação é intensa e persistente e é acompanhada de vários outros sintomas do transtorno de humor que prejudica significativamente a capacidade de funcionamento da pessoa. Nesses casos, a tristeza intensa é chamada depressão e a elação intensa é chamada mania. Os transtornos depressivos são caracterizados por depressão; transtornos bipolares são caracterizados por combinações variáveis de depressão e mania.
O risco de suicídio ao longo da vida para pessoas com transtorno depressivo é de 2 a 15%, dependendo da gravidade do transtorno. O risco é ainda maior nos seguintes casos:
· No início do tratamento, quando a atividade psicomotora está retornando ao normal, mas o humor ainda é sombrio
· Durante estados bipolares mistos
· Em aniversários pessoalmente significativos
· Ansiedade grave
· Uso de álcool ou substâncias
Outras complicações dos transtornos de humor incluem:
· Incapacitação que varia de perda leve a completa do funcionamento, manutenção das interações sociais e participação em atividades de rotina.
· Ingestão prejudicada de alimentos
· Ansiedade grave
· Alcoolismo
· Outras dependências de drogas.
Transtorno Afetivo Bipolar
O transtorno afetivo bipolar se caracteriza pela alteração do humor, em períodos onde há uma elevação do humor e aumento de energia e atividade (episódios maníacos) com outros períodos onde há rebaixamento do humor e diminuição de energia e atividade (episódios depressivos). Em função da alternância entre esses dois episódios, o transtorno é classificado como bipolar. Entre os episódios, há um período de humor normal e a incidência em ambos os sexos é aproximadamente igual.
Aumento de energia e atividade X Diminuição do humor, energia e atividade. Episódios Maníacos Episódios depressivos
BIPOLAR
Os episódios maníacos geralmente começam inesperadamente, e duram aproximadamente 4 meses. Os episódios depressivos duram aproximadamente 6 meses e ambos frequentemente tem situações de estresse ou traumas mentais, e podem ocorrer em qualquer idade. Para serem diagnosticados como episódio maníaco ou episódio depressivo, devem perdurar por no mínimo duas semanas.
Sintomas
O episódio depressivo é caracterizado pelos seguintes sintomas:
· Humor deprimido, energia reduzida;
· Perda de interesse e prazer;
· Concentração e atenção reduzidas;
· Auto-estima e autoconfiança reduzidas;
· Idéias de culpa e inutilidade;
· Perturbações do sono;
· Visões pessimistas do futuro;
· Podem estar presentes idéias delirantes e alucinações.
O episódio maníaco é caracterizado pelos seguintes sintomas:
· Euforia ou alegria patológica;
· Taquipsiquismo (é a aceleração do ritmo do pensamento);
· Agitação psicomotora;
· Exaltação;
· Logorréia (compulsão para falar);
· Perturbações do sono;
· Podem estar presentes delírios de grandeza ou de poder e alucinações.
Tratamento
Estabilizadores de humor são atualmente tratamentos de comprovada eficácia tanto na fase aguda quanto de manutenção. São usados tranquilizantes para as fases de mania e antidepressivos para as fases depressivas. Tomografia computadorizada ou ressonância magnética e eletroencefalograma são segundas opções para pacientes resistentes ao tratamento.
O uso de fármacos possibilitou o controle das graves alterações comportamentais das crises maníacas e das crises depressivas, permitindo a associação das psicoterapias ao tratamento do transtorno bipolar. A terapia familiar é especialmente indicada no caso de pacientes com graves prejuízos familiares e sociais, auxiliando-os em suas relações.
Depressão
Depressão tem sido um dos transtornos psicológicos mais discutidos e avaliados em decorrência da enorme quantidade de pessoas afetadas por ela. Caracterizada pela perda ou diminuição de interesse e prazer pela vida, gera angústia e prostração.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a Depressão é considerada atualmente a quarta principal causa de incapacitação. Ela atinge pessoas de todas as idades e gêneros, embora seja mais frequente entre mulheres.
O desânimo causado pela Depressão é fruto de desequilíbrios bioquímicos no cérebro, como a diminuição da serotonina, que é um neurotransmissor ligado à sensação de bem-estar.
Todos nós conhecemos alguém que sofre ou sofreu de Depressão. Ou seja, faz sentido o Brasil configurar como a maior prevalência de Depressão na América Latina.
Sabemos hoje, que a depressão não promove apenas uma sensação de infelicidade crônica, mas também incita alterações fisiológicas, como baixas no sistema imunológico e o aumento de processos inflamatórios.
Os Principais Sintomas:
· Humor triste, ansioso ou “vazio”;
· Desesperança ou pessimismo;
· Irritabilidade;
· Sentimento de culpa, inutilidade ou desamparo;
· Perda de interesse por atividades que antes provocavam prazer;
· Apatia ou embotamento afetivo;
· Fadiga ou sentimento de pouca energia;
· Alterações do sono;
· Alterações de apetite;
· Pensamentos sobre morte ou fim da vida;
· Isolamento social;
· Falta de concentração ou inquietação;
· Pensamentos negativos.
O Diagnóstico
Existem instrumentos padronizados, como por exemplo, questionários e inventários que auxiliam a identificar os sintomas, mas um diagnóstico fidedigno depende da avaliação de profissionais da Psiquiatria e Psicologia. Parte do diagnóstico é feito através do histórico do paciente e de sua família, juntamente com a investigação profunda dos sinais e sintomas trazidos pelo paciente. A Depressão também é classificada de acordo com a sua intensidade, podendo ser considerada leve, moderada ou grave.
Os tratamentos
O curso da Depressão é incerto e pode durar semanas ou anos. Uma vez que o indivíduo passe por uma crise, o risco de enfrentar episódios semelhantes ao longo da vida é alto. Na maioria das vezes, o tratamento é feito em conjunto pelo psiquiatra e o psicólogo. Hoje contamos com diversos medicamentos antidepressivos seguros, graças à evolução da psicofarmacologia. Os antidepressivos agem diretamente sobre o sistema nervoso, atuando em importantes neurotransmissores associados ao bem-estar e melhoram o humor.
É importante frisar que estes medicamentos não são iguais. Para entender como funcionam no organismo e que efeitos eles podem causar, é importante separá-los em classes. Assim, de acordo com o seu mecanismo de ação, o médico escolherá o mais adequado segundo o perfil do paciente. Além disso, os efeitos variam de pessoa para pessoa, por isso é comum perceber que alguns são ótimos para uns e não tão bons para outros.
Quebrando Tabu
Existe um grande preconceito contra os antidepressivos e isso se dá principalmente pela desinformação e propagação de inverdades sobre estes medicamentos. O medicamento é um suporte e tem um papel muito importante no tratamento de
depressões moderadas e graves.
Engana-se quem pensa que ele fará efeito no exato momento em que se comece o tratamento. A maioria deles começará a ter parte do efeito desejado entre 20 a 30 dias após o início do tratamento. Antes disso, é possível que se perceba somente os efeitos colaterais. Esta desinformação sobre como agem os antidepressivos é responsável por boa parte da falta de adesão ao tratamento. Seja por pensamentos de que eles não “fazem efeito” ou por pensamentos relacionados a “vício e dependência”. As pesquisas nesta área têm avançado muito e, em consequência disso a maior parte dos medicamentos utilizados hoje é segura. Claro, quando prescrito pelo profissional adequado, preferencialmente o Psiquiatra ou o Neurologista.
REFERÊNCIAS:
BARLOW, David H. Manual Clínico dos Transtornos Psicológicos. Tratamento passo a passo. Artmed. 2016.
RANGÉ, Bernard. Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais. Artmed, 2001.
KNAPP, Paulo. Teoria Cognitivo Comportamental na prática psiquiátrica. Artmed. 2004.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Disponível em: http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5385:com-depressao-no-topo-da-lista-de-causas-de-problemas-de-saude-oms-lanca-a-campanha-vamos-conversar&Itemid=839. Acessado em: 27/03/2018.
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