É como se o corpo gritasse “PARE!”.
Caracterizado por um cansaço intenso e falta absoluta de energia. Aquela pessoa, antes competente e atenciosa profissionalmente, liga uma espécie de “piloto automático”. Onde antes encontrava motivação, agora surge irritação, falta de concentração, desânimo, fadiga, cansaço constante, distúrbios do sono, dores musculares e de cabeça, irritabilidade, alterações de humor e de memória, dificuldade de concentração, falta de apetite, depressão e perda de iniciativa, e por fim, a sensação de fracasso total. Esses são os principais fatores que indicam um transtorno laboral desconhecido por muitos e de difícil diagnóstico: a Síndrome de Burnout ou Síndrome do esgotamento profissional. O Burnout tem origem no estresse durante um período prolongado no trabalho.
O termo burnout significa que o desgaste emocional danifica os aspectos físicos e emocionais da pessoa, pois, traduzindo do inglês, burn quer dizer queima e out exterior. Embora já se venha falando sobre o assunto há décadas, no Brasil as discussões em torno da síndrome tornaram-se mais fortes nos últimos anos.
Segundo uma pesquisa realizada no Brasil entre 2013 e 2014 pela Internacional Stress Management Association (ISMA), 30% dos profissionais apresentam grau máximo de esgotamento profissional. A pesquisa conclui ainda que 96% dos atingidos pelo Burnout sentem-se incapacitados, provocando absenteísmo, licenças médicas e “presenteísmo”, que é quando se está fisicamente no local de trabalho, mas com a mente distante dali.
Quando se alcança o limite máximo do esgotamento profissional, é claro, o rendimento cai. Estas pessoas podem, inclusive, enfrentarem maior risco de erros e acidentes diante da desatenção e da imprudência. É possível citar ainda como perdas decorrentes do Burnout, os prejuízos nos relacionamentos sociais e, em especial, na relação com os colegas de trabalho. Pois a pessoa com Burnout pode frequentemente se afastar do trabalho por problemas de saúde, o que poderá levar a sobrecarga de trabalho dos colegas, causando hostilidade para com o indivíduo vítima do estresse ocupacional.
Indivíduos acometidos por Burnout costumam ser muito exigentes consigo mesmos (característica que favorece este transtorno), consequentemente, tentarão produzir mais, o que intensifica o cansaço e diminui a eficiência. É como uma bola de neve.
As categorias profissionais mais atingidas são as que lidam diretamente com pessoas e onde há impacto direto na vida de outros. A síndrome acomete muitos enfermeiros, psicólogos, professores, policiais, bombeiros, carcereiros, oficiais de justiça, assistentes sociais, atendentes de telemarketing, bancários, advogados, executivos, arquitetos e jornalistas. Sendo as mulheres mais acometidas do que os homens. Dados obtidos em uma análise de 183 estudos sobre diferenças de gênero e Burnout em 15 países mostram que uma das razões é a expectativa de que as mulheres realizem além das suas funções, também o serviço “doméstico” do ambiente de trabalho, como atender telefone, tomar notas, organizar festas, etc, mas sem serem recompensadas por isso. Quando negam, são malvistas, o que pode prejudicar a carreira. Com dificuldades para dizer não, elas abraçam mais obrigações até alcançarem o ponto crítico da Síndrome do Burnout.
COMO É O TRATAMENTO?
O Burnout é reconhecido pela OMS e pelas leis brasileiras como doença ocupacional. Por este motivo, admite-se o afastamento do trabalho para conter a síndrome. Um grande problema no combate ao Burnout está na dificuldade em se diagnosticar onde, muitas vezes, é confundido com Depressão.
De um modo geral, os antidepressivos fornecem certo alívio aos sintomas, mas pouco resolvem se o ritmo de trabalho continuar frenético. Ou seja, é imprescindível desacelerar.
As mudanças podem vir por meio de psicoterapia, mindfulness e técnicas de relaxamento. Aliando estas ferramentas ao tratamento medicamentoso, torna-se possível combater o estresse laboral de maneira efetiva.
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